quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Será verdade?


"Camões! Camões! O prémio Camões é muito importante! Camões escreveu os Lusíadas, e salvou-se a si mesmo e ao poema no meio do mar, ao mesmo tempo que todos os outros morriam! Morreu com a Pátria, pois honrou-a e dedicou-a ao rei!"

Hum... a sério?

"Camões!? Camões?! O prémio Camões é de facto importante, mas será a sua denominação a mais correcta? Camões escreveu de facto os Lusíadas? E salvou-se a si mesmo e ao poema no meio de uma tempestade marítima, sendo o único sobrevivente do afundamento do navio, nadando meio mar para chegar a terra? Dedicou o poema ao rei por amor a ele e à pátria?"

Hum... já não sei.

Sinceramente, acho que nunca saberemos. Com todo o meu respeito por Luís de Camões, mas nunca gostei muito da relação existente da sua vida com a sua obra... e certos factos heróicos ou foram inventados ou exagerados. Não quero levantar falsos testemunhos, mas na minha opinião Camões construíu uma vida de farsa. Não acham um pouco... falso... que um homem que se meta em brigas e aventuras à noite, esbanjando todo o seu dinheiro nelas, e que vá parar à prisão por diversas vezes, escreva uma EPOPEIA? Não vos parece um pouco suspeito que ele tenha "escrito" os Lusíadas em Macau onde na altura existiam muitos soldados portugueses, e tenha vindo para Portugal "à pressa" para os apresentar ao Rei? E não vos parece um pouco... irreal... que toda a tripulação do navio afundado tenha morrido, e ele, nadando só com um braço e cego de um olho, com o outro em cima de água, tenha sobrevivido? E onde está afinal a veia amorosa de Camões, que preferiu salvar o poema (que lhe valeria honra e dinheiro) à sua amada que supostamente viajava também no navio?

Mas onde eu queria não era exactamente a este ponto. Era à força da educação. É como um peso gigante que recai sobre nós, e não temos escolha. Quer seja na forma de ver o mundo, na forma de agir, ou até mesmo nas religiões, na maior parte dos casos não temos escolha. Somos o que os nossos pais são. Quer seja bom, ou mau, quer concordemos, ou não, assim somos. E apenas uma pequena parte tem a... "coragem" de mudar por vontade própria. Contam-nos histórias, e, é claro, temos de acreditar. Ensinam-nos coisas, e nós aprendemos daquela maneira e, ao aprendermos pela primeira vez, é difícil mudarmos!

Queria apenas salientar isto, não levem demasiado a sério as minhas dúvidas acerca de Camões. Fui ensinado por muitas pessoas a versão amiga do poeta. Mas, e se não foi?

A força da educação é mesmo esmagadora.

Tiago

12 comentários:

foryou disse...

Deixas-me discordar um pouquinho?

Uma coisa é a educação outra é a instrução. São coisas distintas, não são?!
Transmite-se a história de pais para filhos, de professores para alunos. E depois? E depois, é suposto que a pouco e pouco vamos aprendendo a raciocinar, analisar, seleccionar, criticar.... e não sejamos apenas uma mera cópia ou um mero boneco que fizeram de nós.
Aliás, aí tens a prova, em ti mesmo. Recebeste a informação, trataste-a, colocas questões (bem pertinentes, por sinal) e tiras as tuas próprias conclusões!
A isso é que se chama aprender :) parabéns!

Sol da meia noite disse...

Pois penso que as dúvidas acerca de Camões, ficarão no plano da dúvida.
Agora tudo o que nos é imposto e nenhum sentido faz, isso é que é de lamentar... mas também não esperes grande melhoria.

*

Alexandre disse...

As dúvidas são pertinentes, mas sabe-se que foram eclesiásticos que «acertaram» muitas das rimas dos Lusíadas, por exemplo!

De Camões - se realmente for assim - prefiro os sonetos e as elegias de amor! Sempre actuais, 500 anos depois!

Um abraço!!!

Maria Inácio disse...

Sabes Tiago, nem sempre aquilo que nos vai na alma é o que vivemos,
talvez se tenha passaso um pouco isso com Camoes.
Infelizmente nao tivemos a oportunidade de o conheçer pessoalmente para devendar todas essas duvidas.
Quanto a educaçao que levamos, eu acho que só nos tentam dar a melhor para crescermos e sabermos viver em sociedade.Os caminhos se os segues ou nao só depende de ti....
Um abraço!!!!!

Tiago Mendes disse...

Foryou,
Penso que instrução está englobada dentro da educação, e não que são distintas completamente... quanto á tua reflexão, bastante boa! Deixas-me concordar com ela? :D

Obrigado pelo comentário!

Tiago Mendes disse...

Sol da Meia Noite,
esse é de facto um assunto que dá pano para mangas, e falarei num futuro post: ensinarem coisas... "bastante" duvidosas...

Obrigado pelo comentário! ;)

Tiago Mendes disse...

Alexandre,
não tenho duvidas sobre a qualidade dos poemas, mas sim do seu verdadeiro autor... :|

Obrigado pelo comentário :D

Tiago Mendes disse...

Fátima,
É o papel dos adultos para com os jovens: ensinar o supostamente melhor (para eles).

Obrigado pelo comentário! ;)

Jasmim disse...

Tiago
O que eu mais gosto em ti, é o facto deme transmitires a esperança que nem todos os jovens são iguais. Fico feliz por te questionares sobre Camões e escreveres num blogue a tua opinião e as tuas dúvidas.

Tiago Mendes disse...

Jasmim,
se calhar é até o único que sabes! :) mas fico feliz :D

Obrigado pelo comentário ;)

Anónimo disse...

Neste assunto sou um pouco contundente...por um lado , tal como dizes, uma pessoa que se mete em brigas e com várias mulheres talvez não tenha a capacidade suficiente para escrever uma epopeia. Depois, um navio carregado de gente e apenas ele se salva, a nadar unicamente com um braço, cego, a levar a "sua obra"?
E mais uma coisa, se o amor dele era tão verdadeiro como algumas pessoas esclarecem, porque ninguém tem provas, porque é que ele não dedicou a obra à mulher?
Quanto à epoepeia, acho que é demasiado exagerada e que têm algumas coisas inventadas...

Foi um pouco extensivo mas penso que fiz compreender a minha opinião

Continuação de bom trabalho!!! :)

Tiago Mendes disse...

Patricia,
Então partilhas das mesmas duvidas que eu. E penso que todos nós as temos, mesmo que não as queiramos mostrar.

Obrigado pelo comentário ;)