domingo, 29 de junho de 2008

Hanjo IV - Acabou

E pronto, acabou um ano lectivo, acabou um ciclo, acabou uma fase, e acabou um semestre de teatro.

Foram os seis meses em que mais aprendi e pratiquei teatro e técnicas de representação de toda a minha vida. Ao longo deste último mês, fui aprendendo comigo mesmo, e com as outras pessoas, que o teatro é mais do que um palco e um público a bater palmas. Mas aprendi mesmo!

É dificil falar do que sinto acerca dessa arte, porque acho que cada pessoa tem os seus pontos de vista. Mas o teatro que representei 4 vezes, duas delas com casa cheia (apesar dessa expressão significar apenas 32 pessoas), correu-me bem e mal, nalgumas vezes melhor, outras não... mas acima de tudo acho que fui evoluindo, e que a última de todas foi a que me correu melhor! Acho que consegui entrar bem dentro do Yoshio, mais do que qualquer outra vez, e por isso termino com um sorriso no rosto.

Para o ano haverá mais, mas como o Yoshio já não irá aparecer mais na minha vida (nunca se diz nunca, mas!!), dou-lhe desde já um grande abraço. E um grande obrigado a todas as pessoas que me apoiaram, aqui no blog e fora dele! E, principalmente, a todos os que foram ver! Espero que tenham gostado! =)

Tiago.

PS: Hoje três pessoas que conheço fazem anos... parabéns ao Frederico, à Rogélia, e à minha tia Mané!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Os Direitos da Criança

É a segunda vez que falo em crianças no blog este mês, mas sendo o mês do dia da criança, acaba por não ser assim tão estranho! E desta vez venho-vos mostrar um poema de Matilde Rosa Araújo, que fala acerca dos direitos das crianças. Este é longo, mas tem em si um conteúdo que deve ser lido e apreendido. É aquilo que disse já anteriormente, mas dito de uma forma mais completa.
E vivam as crianças!!

I
A criança,
Toda a criança.
Seja de que raça for,
Seja negra, branca, vermelha, amarela,
Seja rapariga ou rapaz.
Fale que língua falar,
Acredite no que acreditar,
Pense o que pensar,
Tenha nascido seja onde for,
Ela tem direito…

II
…A ser para o homem a
Razão primeira da sua luta.
O homem vai proteger a criança
Com leis, ternura, cuidados
Que a tornem livre, feliz,
Pois só é livre, feliz
Quem pode deixar crescer
Um corpo são,
Quem pode deixar descobrir
Livremente
O coração
E o pensamento.
Este nascer e crescer e viver assim
Chama-se dignidade.
E em dignidade vamos
Querer que a criança
Nasça,
Cresça,
Viva…

III
…E a criança nasce
E deve ter um nome
Que seja o sinal dessa dignidade.
Ao Sol chamamos Sol
E à Vida chamamos Vida.
Uma criança terá o seu nome também.
E ela nasce numa terra determinada
Que a deve proteger.
Chamemos-lhe Pátria a essa terra,
Mas chamemos-lhe antes Mundo…

IV
…E nesse Mundo ela vai crescer:
Já sua mãe teve o direito
A toda a assistência que assegura um nascer perfeito.
E, depois, a criança nascida,
Depois da hora radial do parto,
A criança deverá receber
Amor,
Alimentação,
Casa,
Cuidados médicos,
O amor sereno de mãe e pai.
Ela vai poder
Rir,
Brincar,
Crescer,
Aprender a ser feliz…

V
…Mas há crianças que nascem diferentes
E tudo devemos fazer para que isto não aconteça.
Vamos dar a essas crianças um amor maior ainda.

VI
E a criança nasceu
E vai desabrochar como
Uma flor,
Uma árvore,
Um pássaro,
E
Uma flor,
Uma árvore,
Um pássaro
Precisam de amor – a seiva da terra, a luz do Sol.
De quanto amor a criança não precisará?
De quanta segurança?
Os pais e todo o Mundo que rodeia a criança
Vão participar na aventura
De uma vida que nasceu.
Maravilhosa aventura!
Mas se a criança não tem família?
Ela tê-la-á, sempre: numa sociedade justa
Todos serão sua família.
Nunca mais haverá uma criança só,
Infância nunca será solidão.

VII
E a criança vai aprender a crescer.
Todos temos de a ajudar!
Todos!
Os pais, a escola, todos nós!
E vamos ajudá-la a descobrir-se a si própria
E os outros.
Descobrir o seu mundo,
A sua força,
O seu amor,
Ela vai aprender a viver
Com ela própria
E com os outros:
Vai aprender a fraternidade,
A fazer fraternidade.
Isto chama-se educar:
Saber isto é aprender a ensinar.

VIII
Em situação de perigo
A criança, mais do que nunca,
Está sempre em primeiro lugar…
Será o Sol que não se apaga
Com o nosso medo,
Com a nossa indiferença:
A criança apaga, por si só,
Medo e indiferença das nossas frontes…

IX
A criança é um mundo
Precioso
Raro.
Que ninguém a roube,
A negoceie,
A explore
Sob qualquer pretexto.
Que ninguém se aproveite
Do trabalho da criança
Para seu próprio proveito.
São livres e frágeis as suas mãos,
Hoje:
Se as não magoarmos
Elas poderão continuar
Livres
E ser a força do Mundo
Mesmo que frágeis continuem…

X
A criança deve ser respeitada
Em suma,
Na dignidade do seu nascer,
Do seu crescer,
Do seu viver.
Quem amar verdadeiramente a criança
Não poderá deixar de ser fraterno:
Uma criança não conhece fronteiras,
Nem raças,
Nem classes sociais:
Ela é o sinal mais vivo do amor,
Embora, por vezes, nos possa parecer cruel.
Frágil e forte, ao mesmo tempo,
Ela é sempre a mão da própria vida
Que se nos estende,
Nos segura
E nos diz:
Sê digno de viver!
Olha em frente!

Poema de Matilde Rosa Araújo

Tiago.

PS: O teatro está a correr bem, e só me resta mais um dia de representação, na sexta. Nessa altura farei o feed-back final!

PS2: Agora que estou de férias, espero ter mais tempo para o blog! Esperem novidades muito em breve!

domingo, 15 de junho de 2008

Hanjo III - Diário da Estreia

Dia 14 de Junho de 2008, Sábado
16:45 - Já estou na Animateatro, e neste momento ainda estou vestido normalmente, ainda só dei uma voltinha ao texto. Afinal de tudo, ainda faltam quase 6 horas!

17:30 - Estamos a meio de um ensaio geral técnico, em que não temos de nos concentrar tanto na emoção mas sim nas marcas e nos tempos das coisas... está a correr bem! Entro em cena neste ensaio dentro de 10 minutos... e faltam 5 horas!

17:50 - Acabei a minha parte do ensaio técnico e dentro de poucos minutos vou agradecer... apesar de e ter desconcentrado na parte em que a Hanako me toca no rosto, devo isso ao facto da Lina (a encenadora) ter andado a tirar fotos mesmo lá ao pé... faltam 4 horas e 20 minutos!

18:20 - Bem, estamos a fazer uma pausa para lanche-jantar, e provavelmente será a única. Os nervos ainda não chegaram... (devem estar quase a bater à porta). Faltam 3 horas e 10 minutos!

20:30 - Oh meu Deus! Falta uma hora, será possivel?! Apesar de já estar vestido e maquilhado, ainda tenho de entrar dentro da personagem... até depois do teatro, pois quanto muito quem dirá alguma coisa antes será Yoshio!

21:45 - Estou a meio do espectáculo, e dentro de alguns minutos entro em cena. O meu coração bate desenfreadamente, pois estou muito perto de encontrar Hanako... break a leg, Tiago!
Ass: Yoshio.

22:15 - Pronto. Yoshio, portaste-te bem! Correu espatacularmente, e mais uns minutinhos e vamos agradecer... o nervosismo do Tiago aliou-se ao teu, Yoshio, fazendo, assim, uma mistura bastante realista! Parabéns!!

É verdade, correu bem, e adorei representar! Existiu um factor na apresentação que fez com que resultasse muito melhor do que qualquer ensaio! Tinha a noção que íamos ter casa cheia, e o meu nervosismo passou para o Yoshio, e deu-lhe o nervoso que nunca lhe tinha conseguido aplicar devidamente. Assim, o Yoshio aliou-se a mim e fizemos um género de fusão muito mais natural do que qualquer Yoshio que já tivesse representado.

E sabem? Apesar de tudo, a minha parte preferida nem foi a apresentação ao público. Foi o que aconteceu entre as 20:30 e as 21:30, a entrada na personagem. Através de alguns processos que fomos aprendendo ao longo do ano, livramo-nos do nosso "eu" e, quando não eramos nada, entramos na nossa personagem. É tão mágico, é tão sobrenatural! E é tão real que houve quem chorasse em cena como nunca fizera nos ensaios.

Gosto do TEATRO.

Tiago.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Hanjo II - A poucos momentos da estreia

A evolução é notável, e ambas as três personagens estão muito mais conseguidas.

Faltam exactamente dois dias para a estreia do meu teatro, e o nervosismo começa a aproximar-se, apesar de só se fazer sentir nas duas horas antes. Mas neste teatro, já não sei de nada, é totalmente diferente dos da escola que fiz até agora. É que este é a sério.

Durante estes 6 meses trabalhámos a concentração, a dicção, e desde à 3 que estamos a preparar o texto! De semana a semana notamos uma evolução, e se eu visse aquele teatro de fora até gostaria! Só que ontem, por exemplo, desconcentrei-me a meio da peça, no ensaio, e comecei-me a rir. E a peça é melo-dramática! São estes pequenos pormenores que me fazem pensar: "e se me rio no meio da peça no dia?". Mas isso não irá acontecer.

Porque não vai ser o Tiago que vai estar lá no palco. Vai ser o Yoshio, e Yoshio não vai ter motivos de se rir nos momentos mais sérios. E se se rir, olhem! É porque lhe deu vontade... não serei responsável.

Adoro representar. E ficar sobre esta pressão ainda dá um gostinho especial. É aquele nervoso miudinho antes do espectaculo uma das coisas que me dá mais prazer na minha vida :)

Tiago.

Nota [14 de Junho]:  Bem, é hoje!! Vou levar um bloquinho de notas e vou fazer alguns apontamentos de duas em duas horas acerca do meu estado de espirito... =D Depois coloco aqui tudo! =D
Muito obrigado pelo vosso apoio! =D
Até amanhã :)

sábado, 7 de junho de 2008

Feira do Livro 2008

Foi ontem que, pela segunda vez na minha vida [e a primeira era quase um bebé, por isso não conta...], fui à Feira do Livro de Lisboa! Bem, tenho a impressão de nunca ter visto tantos livros juntos, mas lá consegui ver todas as bancas, algumas com mais atenção que outras!

Para mim, que adoro ler, as quatro horas que lá passei foram das melhores deste ano 2008, até porque me diverti imenso, comprei uns 5 livros [já não compro mais nos próximos meses, prometo!!] e voltei a falar com o Frederico Duarte, o autor de AVATAR de que já falei aqui no blog!

Ao contrário de algumas pessoas, gostei dos pavilhões da LeYa [os do centro da discórdia]. Apesar de fugirem à tradicionalidade, são mais acolhedores e abrigados das condições atmosféricas, apesar de continuarem arejados. Em vez de serem barracas em que se v~em os livros de fora, são stands em que se entra, e por isso gostei mais.

Aqui vão algumas das fotografias que tirei... adorei a experiência e para o ano quero lá voltar. O Parque Eduardo VII é de facto maravilhoso :)

Tiago.

PS: Apesar de não ser um fã do futebol, gosto essencialmente de ver as pessoas em festa na minha rua, por isso... boa sorte, Portugal!

PS2: Eu e uma amiga minha, a Patricia [que andava por aí com o nome "Palavras para quê?"]fundámos um novo blog, a que demos o nome de Perpendicularidades Paralelas. Na práctica, será um blog mais ou menos imprevisivel, em que, por vezes, os nossos pontos de vista, pararelos, se poderão cruzar, tornando-se, então, perpendiculares... passem por lá :)
-> http://www.perpendicularidades-paralelas.blogspot.com/

domingo, 1 de junho de 2008

A Criança



É de todas as formas a mas pura e inocente, e a mais curiosa e corajosa. Entrega-se ao Mundo de uma forma total, explora tudo em busca da compreensão, e pouco a pouco vai definindo os limites.

Começa por receber a informação, depois guarda-la em báus, e por fim organiza-a em dossiers devidamente identificados. Vai jogando com a vida como se de um puzzle se tratasse. Os porquês surjem e a informação é totalmente ligada.

É assim uma criança, mais concrectamente a sua aprendizagem. A Criança tem direito a aprender, e para aprender e preciso quem lhe ensine. A Natureza trata da sua parte, expõe grande parte da informação. A missão dos adultos é ajudarem a oraganizar as ideias e, acima de tudo, facilitar o caminho do aprendiz. Tirar os obstáculos do caminho, ajudar a caminhar em frente. Incentivar.

A Criança tem direito a vir a ser um adulto, com cabeça para ensinar as outras crianças.

E o Dia da Criança são todos os dias. Foi por isso que evitei fazer este post no dia 1 de Junho. Queria tentar mostrar o seguinte: não seria por estarmos naquela data que eu iria falar acerca da Criança. Seria por causa da atenção que elas merecem, e do respeito que deviamos oferecer, que eu faria este post. É preciso abrir os olhos! É preciso olhar em frente! E ajudar os mais novos a caminhar... sempre com um sorriso aventureiro, de quem descobre mais uma coisa a cada passo que dá.

Tiago.

PS: Li o livro que aconselhaste, Filoxera, "Meninos Iguais a Mim". Contém, de facto, uma mensagem muito importante, acerca das diferenças [que, no fundo, não deixam de ser apenas variantes!] :)