Mas não desisti. Já tinha escrito 10 páginas durante esses 7 dias, e hoje vai em 28 páginas. Partilho com vocês o Prólogo, confiando fervorosamente no provérbio:
- Grão a Grão enche a Galinha o Papo.
Prólogo
O pôr-do-sol fez subir naquele fim de tarde ligeiramente a temperatura. Os pinheiros, cobertos de neve, aconchegaram-se naqueles últimos raios de sol do dia. As folhas, persistentes, apesar de aguentarem o calor e o frio das estações, também sofriam quando o Inverno apertava. Para já, a estação fria era apenas uma miragem. Estava longe de atingir o seu auge, e talvez por isso ainda se vissem alguns pássaros a cantar, o que não seria uma visão muito normal de se ver daí a uns dias. Um cenário muito bonito, frio, e apesar disso, quente. E aconchegante.
Click!
O som de um botão a ser premido preencheu por uma fracção de segundo a divisão em que Kevin se encontrava. Este, premindo de novo o mesmo botão, observou a fotografia que tinha tirado. Mostrava uma conjugação do céu e da terra, das nuvens iluminadas pelo sol laranja e pelos pinheiros verdes e brancos, frios. Uma mistura de contrastes, que não tivera sido o objectivo do rapaz. Um fruto do acaso, uma benesse involuntária para satisfação posterior.
Correu pelo quarto, em direcção à porta de madeira. Abriu-a com uma só mão, segurando a máquina fotográfica do seu pai na outra. Atravessando o corredor a correr, num ápice chegou à sala, onde a mãe estava a ler um livro. Atirou-se para cima o sofá, ou mais precisamente para cima dela, e mostrou-lhe a fotografia.
- Está muito bonita! – disse-lhe a mãe, sorrindo. – Onde aprendeste a tirar fotografias tão lindas?
Kevin riu-se e aconchegou-se no colo da sua progenitora. Descobrira ali, naquele momento, mais uma fonte de calor. Agarrou-se com mais força, sentindo o peito da mãe a pulsar, a uma velocidade constante.
- O que é que está a bater aí no teu peito? – perguntou, inocentemente.
A mãe afastou-o dela uns centímetros, e olhou-o nos olhos que pareciam rir.
- O que será? – questionou, olhando em seguida para o tecto da sala – O que será que está a bater no peito? O que é que bate aqui?! – e bateu no peito, rindo-se às gargalhadas.
Kevin gritou, sorridente: “O CORAÇÃO!”. E ambos se riram e abraçaram. Depois a mãe tirou o filho do colo e continuou a ler o livro, ligeiramente mais bem-disposta. Kevin, após uns segundos de reflexão acerca do que se havia passado, levantou-se e foi, desta feita, a correr para o escritório. Abriu a porta de rompãte e o pai olhou zangado para ele. Estava a desenhar uns mapas, e havia-se desconcentrado com a entrada brusca do filho.
- Kevin! Já não te disse para bateres à porta antes de entrares? – disse, com uma cara afectada. – O Pai estava a trabalhar…
O rapaz deu dois pequenos passos para trás, para fazer denotar uma expressão culpada e sentida. E, após uns segundos, o pai não conseguiu resistir ao feitiço lançado pelo pequeno, e abriu os braços e correu para ele, abrando-lhe ao de leve. Kevin sorriu e mostrou a máquina ao pai. Este olhou para ela e abriu a boca, espantado.
- Que bonita imagem… - disse, olhando para o filho – Tiraste sozinho?
Kevin respondeu que sim, e sentiu-se involuntariamente importante e vaidoso. Tinha conseguido tirar uma fotografia sozinho, sem precisar de ajuda!
- E pediste ao pai autorização para mexer na máquina?
O sorriso que antes atravessava de uma ponta à outra da cara desapareceu, para dar lugar a uma cara ligeiramente mais confusa. Não percebeu exactamente o significado de “autorização”, mas acabou por lá chegar.
- Não, mas eu vi a máquina focto… fotográftica na mesa e eu sabia ligar e por isso liguei e fui para o meu quarto tirar uma foctogra… fotografia! – disse Kevin, esforçando-se para unir todas as palavras do seu ainda pequeno vocabulário. Mas ele não dera conta desse esforço, pois fora tudo involuntário.
- Muito bem! – elogiou o pai, sorrindo-lhe – A fotografia está muito bonita! Mas já te disse que não podes mexer nas coisas do pai e da mãe sem antes pedires, não é?
- Sim… - disse Kevin, prolongando a única sílaba da palavra. E saiu a correr disparado pelo corredor, animado, e gritando: “Já sou crescido! Já sou crescido!...”
Ainda ouviu uma gargalhada do pai, breve, antes de este voltar a encostar a porta do escritório. Quando chegou ao seu quarto, o rapaz atirou-se para cima da cama e começou a rebolar e a saltar nesta. Vivera mais uma experiência. Muitas se avizinhariam.
***
Um flash iluminou-me a cara, tal qual uma estalada inesperada. Aparentemente sem qualquer razão aparente, lembrei-me Daquilo. E, levantando-me da minha escrivaninha, percorri a casa até à entrada do sótão, baú de recordações.
Espero que tenham gostado! Obrigado.
Tiago'
6 comentários:
Temos escritor! Continua!
Bom Ano 2008 (e seguintes)
Afrodite,
muito obrigado! :D
Um bom ano também para ti ;)
Fiquei curioso! Força nisso!
SkyStorm,
muito obrigado! Já agora, a história já está colocada até ao capítulo 5 no Reino da Escrita ;)
Um bom ano 2008 para ti e para a tua familia! :D
Gostei, pois!
Atenção apenas a uma gralha (rompante) que, na pressa da publicação, te escapou.
Fico à espera do próximo capítulo.
Beijos.
A. Filoxera,
Por motivos mais-ou-menos óbvios, não vou colocar o resto da história aqui no blog, mas podia enviar-ta por email... não sei é qual é :\
Obrigado pela correcção,
Tiago'
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