terça-feira, 16 de junho de 2009

A Primeira Estrada (O Último Post)


Costuma-se dizer que as estradas não têm fim: mesmo quando uma termina, vai dar a outra, que por sua vez se ramifica em dezenas delas, e cada uma dessas se divide em ainda mais... e todas elas tiveram início na estrada original. E que estrada original é essa? A primeira de todas, não necessariamente a mais importante, mas a que tomou a liberdade de existir. E se dividir, dar frutos.

Cada um de nós deve ser essa estrada principal em tudo, e no que toca à Reflexão deve ser o mesmo: devemos tomar a iniciativa de reflectir. E como o fazer? No que reflectir, e de que forma?

Pode ser em qualquer coisa: a pessoa deve fixar-se em algo, concrecto ou abstracto, e falar de forma sincera acerca do que sente sobre essa coisa. A partir de um facto ou suposição, desenvolvê-lo e explorá-lo até conseguir chegar a algo um pouco mais completo. E depois, se quiser, pode partilhar o produto da sua Reflexão com os outros. Pode criar uma nova estrada que nasça a partir de si.

Não são só as estradas e as vias rápidas que são feitas de Reflexões Exteriores, que se ramificam umas nas outras até darem origem a uma rede a nível global. Devemos ser também nós. Cada um de nós deve ser a sua própria estrada original - não necessariamente a mais importante, mas pelo menos a primeira. Aquela que reflecte. E que dá aos outros o produto do seu reflectir.

Tiago
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Muito obrigado a todas as pessoas que por cá passaram, uma ou duzentas vezes; obrigado a todos os que comentaram e comigo reflectiram; obrigado àqueles que de uma das reflexões, apenas de uma, extrairam algo importante para a sua vida; continuem a reflectir, sempre. E, de preferência, exteriormente!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Casa - 5ª de Cinco Coisas Belas


Ter uma casa onde morar - uma casa nossa: quatro paredes, um tecto, um chão. Decorada como quisermos; as paredes de que cor forem.

A sensação de chegarmos ao fim de um dia muito cansativo de inverno, em que a chuva nos ensopou completamente na caminhada desde o local de trabalho; de chegarmos a casa, e nela entrarmos, e a ela nos entregarmos no prazer do sossego e da liberdade.

Um cantinho só nosso num mundo povoado de gente. Um espaço que podemos personalizar, e onde podemos criar, descansar, cantar, andar, divertirmo-nos, convivermos. Um refúgio do mundo exterior, que podemos usar à nossa maneira.

[Só mais um post - o último. Terça-Feira, às 3 horas da tarde.]

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Fé - 4ª de Cinco Coisas Belas


Não falo de uma fé específica. Falo da fé por si só. É bom ter fé. A fé é confiar e acreditar em algo. ter sempre uma esperança, por mais vaga que seja, ter sempre um solução; algo no fundo do bolso do casaco; uma luz que atravessa os escombros do edifício onde ficámos soterrados.

A fé é isso. É isso e muito mais, mas é basicamente isso.

É o facto de estarmos conscientes de que nem tudo está perdido - que temos alguém que nos pode ajudar. Quem não tem fé não espera. Vive uma vida de fenómenos causa-efeito, em que se as coisas vão por um mau caminho se refugiam em si mesmas e esperam que tudo termine.

Quem tem fé vê tudo mais iluminado. Vê tudo como um começo, nunca como um fim. Vê a vida toda pela frente, tenha que idade tiver.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Criança - 3ª de Cinco Coisas Belas


[Dois amigos falam um com o outro, ao verem uma criança brincar num quintal limitado por muros]

- Olha, está-se a rir! Repara como corre e como se ri... aquece o coração, só de a ver; as suas pernas pequeninas esforçam-se por atravessar o relvado, limitado pelos muros opressivos que a impedem de voar. É difícil de imaginar como toda esta alegria e motivação é apenas metade ou um terço do que poderia alcançar, se não existissem estas grades a limitar-lhe a passagem. Podemos abrir o portão, e vê-la tornar-se no ser mais criativo e respeitável da Terra.

- Estás a ser precipitado! Não te esqueças dos perigos do mundo lá fora; é muito perigoso, arriscado... e se perderes a tua criança? E se for atropelada, ou raptada? Tens de pensar nessas coisas... não te precipites. Constrói antes uma vedação mais alta, para que não haja qualquer hipótese de ela se escapulir...

- Não! Não! A liberdade é para ser vivida: repara, a pureza que a minha criança irradia. Ouve ela a rir.

[Ouvem]

- Não é bonito? Diz-me, se é bonito, não fiques calado! Caiu, sujou-se! Mas olha as nódoas na sua roupa: liberdade! Olha o seu choro inocente: liberdade! Olha agora aquele miúdo que não conheço a ir ajudá-la a levantar-se. Não podemos deixar que ela cresça dentro deste muros. Vou abrir o portão...

[Abre; a criança sai; a criança vive para sempre feliz, viajando pelo mundo livre com prespectivas inocentes e inteligentes; a criança torna-se o ser mais respeitável que já pisou a terra]
Tiago